O caminho do guerreiro é longo e cheio de nuances. No Japão, Bushido significa isso mesmo:
Bushi =Guerreiro / Do = Caminho
Na B16 adaptámos este código de ética oriental de forma a nortear as nossas decisões: empresariais, culturais e sociais. Acreditamos no seu potencial para nos levar mais longe, alcançando o pico da nossa vida profissional e concretização pessoal. Estes são os nossos valores:
Chu = Lealdade
Gi = Dedicação
Rei = Resiliência
Jin = Empatia
Meiyo = Ambição
Makoto = Respeito
Yuu = Coragem
Qualidades admiráveis, que edificam um propósito muito claro em qualquer tipo de contexto: ser leal, ser dedicade, resiliente, empátique, ambiciose, respeitose e o corajose. Em qualquer outro artigo, a pergunta chave seria então: qual é o interesse de um código de ética de guerreiros japoneses para um ser humano no século XXI?
Mas aposto que alguém já escreveu esse artigo. Let me Google it for you: claro que sim… Marcas com variantes do nome Bushido, empreendedores a enquadrarem-no nas suas metodologias, posts e blogs a relacionar Bushido com business e performance… Usar estes valores como veículo de marketing não é novidade: mas incorporá-los, verdadeiramente, na maneira de operar uma empresa requere outro tipo de dedicação.
Não me vou fingir especialista na matéria, até porque não seria muito leal da minha parte. As minhas habilitações para falar de Bushido são: respeito tanto a obra de Hayao Miyazaki como a de Kota Ibushi, treinei Ninjutsu 6 anos, prefiro Kurosawa a Ozu, Kobayashi a Mizoguchi, Naito a Okada e Cowboy Bebop a Death Note. Para explicar este conjunto de valores num formato mais “académico”, acabaria a traduzir informação que facilmente encontras em artigos e vídeos sobre o assunto, escritos por gente mais entendida do que eu. Para um aprofundamento com bibliografia fact-checked, recomendo a página dedicada ao assunto na Encyclopedia Britannica.
Não se pode falar do Bushido sem falar dos Samurai: a elite dos guerreiros japoneses e, eventualmente, uma classe social do século XII até à sua abolição no final do século XIX. O Bushido é-lhes associado, sendo resultado de uma tradição oral de valores implicítos ao estatuto de Samurai, formalizada no século XVII (período Edo) e obrigatorizada no ensino escolar no século XIX (período Meiji). Neste último, os líderes japoneses adaptaram os valores dos guerreiros abolidos para melhor se adequarem à filosofia nacionalista que ergueram.
Nesse seguimento, o livro Bushido: The Soul of Japan, do autor japonês Inazō Nitobe, foi um sucesso de vendas no ocidente no início do século XX e tornou-se muito influente na maneira como estes valores são entendidos fora das suas fronteiras originais. E isto leva-no ao século XXI, onde o Bushido é empregue como mantra exótico por empresas, vloggers e desportistas.
É preciso coragem para fazer as perguntas certas: como é que o Bushido vai fazer a diferença no meu projecto?
Vai materializar-se a cada passo do caminho. Vai ser colocado em prática por criadores de elite, resilientes, que entendem a história do legado que transportam e do compromisso que assumem. Por comunicadores com iguais medidas de ambição e empatia. O caminho do guerreiro é longo e cheio de nuances. Conhecemo-lo bem porque o nosso percurso nos levou a incorporá-lo naturalmente num modus operandi que fortalece qualquer equipa. Até ao período Meiji, seguir o Bushido era uma escolha, não uma obrigação, de cada Samurai. No século XXI continua a sê-lo: e ao viver o Bushido, sinceramente, a diferença será feita.