Às vezes, a procrastinação pode ser vista como um obstáculo, uma armadilha psicológica. Mas e se não for?
E se, por detrás da distração e do aparente “não fazer nada”, se esconder um convite à liberdade criativa?
Num dia em que o foco não aparecia e o dever parecia distante, deixei os prazos em espera e segui um impulso leve, quase absurdo, sem propósito definido: transformei uma fotografia de uma colega numa animação improvisada, inspirada por um cartaz de teatro que ela mencionou. O que começou como fuga tornou-se jogo. E o jogo tornou-se criação.
Sem a pressão de entregar, sem a necessidade de agradar, experimentei por experimentar. Troquei a rigidez da tarefa pela leveza do improviso. Criei porque sim. Porque me apeteceu. Porque algo em mim quis ver até onde aquela ideia — aparentemente inútil — podia ir.
Não era para nada. E, no entanto, era para tudo: para explorar, para rir, para criar sem destino.
Há algo de profundamente fértil nesse intervalo entre o que devemos fazer e o que nos apetece explorar. Quando nos libertamos — ainda que por instantes — da obrigação de sermos produtivos, damos lugar ao inesperado. Às vezes, é nesse limbo entre o trabalho e o lazer que encontramos as ideias mais criativas. Às vezes, o que nasce da procrastinação não é perda, mas descoberta.
Procrastinação inspirada em: