Será que o papel dos samurais se esgotou na sociedade a que eles pertenceram ou será que ele continua a influenciar-nos na atualidade?
Para quem já conhece um pouco da nossa agência, não é novidade que encontramos na cultura samurai lições e inspirações muito importantes para o nosso dia a dia, enquanto empresa e criativos.
Não é por acaso que nos intitulamos B16 – The Creative Clan, numa clara e assumida alusão aos clãs que compuseram a história dos samurais. No entanto, para melhor explicar esta simbiose com parte da história nipónica, é preciso perceber melhor o papel social destas personagens ímpares: os samurais.
Qual foi o legado deixado pelos samurais?
A presença dos samurais na história japonesa prolongou-se por vários séculos, influenciando a sociedade e a própria cultura deste país. Apesar de surgirem como uma classe de guerreiros, eles assumiram-se como muito mais do que isso.
Os samurais afirmaram-se também como pesquisadores e investigadores, poetas e artistas. Por isso, não é surpreendente que também tenham influenciado em muitos aspetos a cultura japonesa.
Mas para nós, enquanto “clã”, interessa-nos sobretudo o seu rigoroso código de honra, disciplina e lealdade para com os seus senhores. Os seus valores são até hoje um exemplo de retidão, respeito e integridade.
Por este motivo, adotámos e dedicámos mesmo um artigo ao tema do Bushido, o código de conduta samurai, que é um exemplo de honra e de autodisciplina e que no Japão continua a nortear as relações quer pessoais, quer profissionais.
É muito devido a estes princípios que o Japão é um país que valoriza bastante o trabalho em equipa e a colaboração entre pares. E é também neste espírito que a B16 – The Creative Clan nasceu e cresce diariamente.
Paralelismo: hierarquia samurai vs B16 – The Creative Clan
Outro legado samurai que adotámos na B16 – The Creative Clan, além do já mencionado Bushido, foi os diferentes cargos existentes dentro dos clãs samurais. Assim, procurámos estabelecer um paralelismo entre as várias funções daquelas figuras e as funções que cada um ocupa dentro da nossa agência.
Shogun
O Shogun era o líder do Shogunato. Era assim uma figura respeitada, sobre a qual recaíam várias responsabilidades. Como líder, cabia-lhe orientar os caminhos seguidos pelos membros do Shogunato, embora a história nos mostre que tal normalmente não era feito de forma isolada, o que significa que o Shogun não detinha um poder absoluto.
À luz da organização interna da B16 – The Creative Clan, o nosso Shogun deve ser entendido como aquele que norteia o rumo seguido pela equipa, abrindo caminhos/oportunidades e definindo as principais estratégias empresariais.
Ronin
Na nossa equipa, também contamos com um Ronin. No Japão feudal, tratava-se de um samurai sem mestre.
Na B16 – The Creative Clan, assumimo-lo como um elemento responsável por trazer novas ideias e inputs, ajudando-nos a sair da nossa zona de conforto e a ver sempre as coisas de outra perspetiva.
Cinturão-negro
Sabendo que a cultura samurai influenciou também a cultura japonesa, por exemplo no que às artes marciais diz respeito, também incluímos na nossa equipa uma cinturão-negro, neste caso como sinónimo de alguém que é expert em algo.
Por que é que estes cargos milenares continuam atuais?
A atualidade da história samurai deve-se ao facto dela se basear em princípios estruturantes para qualquer ser humano e sociedade. Além dos valores do Bushido, os samurais foram figuras que viveram sempre com muita disciplina e com um sentido perfecionista excecional.
Até à sua morte, eles procuravam crescer, evoluir e aprender cada vez mais para se tornarem nobres, sábios e capazes. Outra ideia importante, e muito presente nas artes marciais influenciadas por esta cultura, prende-se com o controlo da energia interior de cada um e com a busca pela tranquilidade.
Acreditamos que, embora as guerras sejam distintas das do Japão feudal do tempo dos samurais, cada dia é, à sua maneira, uma batalha que devemos enfrentar com a verticalidade e a ética com que os samurais combateram nos seus confrontos.
Devemos encarar essas batalhas diárias não como uma guerra com os outros, mas sim como um embate connosco próprios, sempre na senda de sermos mais e melhores, não do que os outros, mas do que nós mesmos. Superarmo-nos sempre, mais e mais…
Daí um dos lemas samurai ser “Tudo o que fizeres faz de forma suprema”. Este lema remete-nos para outra referência relevante da literatura portuguesa, com a qual gostávamos de finalizar esta reflexão, já que também serve de apelo à nossa dedicação total a cada causa com que nos envolvemos:
“Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.”
14 – 2 – 1933
REIS, Ricardo, Poesia, edição Manuela Parreira da Silva. Lisboa: Assírio & Alvim, 2000, p. 130